segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O inferno são os outros...


Sob os flashes Beth Ditto


Já disse Sartre, "O inferno são os outros."
Pois é! É mais fácil aceitar que seja assim, do que assumir a própria irresponsabilidade, falta de amor, de aceitação e de respeito consigo mesmo...
Cada dia é mais fácil, uma vez que, está aí a mídia toda pra comprovar essa teoria. O bombardeio de informações de como se deve ser, qual o corpo ideal, o comportamento ideal, o conjunto de ideais que neurotizam, tiram o sono, a paz e a vontade de viver dos desavisados... Que pioram a visão de si.
Acho interessante que há uma ditadura da beleza que é imposta às mulheres, às que a aceitam, claro! Disso vem toda uma indústria, da cirurgia plástica, da moda, das revistas e de tudo mais que as fazem consumir pra preencher o vazio que deixa o modelo inalcançável...
Mas, e dos homens que ficam calvos, com barriguinha de chope e seja mais lá o que, alguém reclama?! Alguém diz alguma coisa? Eles ficam sem dormir por conta disso? Fazem os mais absurdos tratamentos estéticos, colocam sua saúde em risco pra se enquadrarem?! Eles se abalam com isso?
Do que eu vejo, não. Nem as mulheres passaram a rejeitá-los por conta disso. Tudo continua na santa paz. Será por isso que com eles a conversa é mais branda, mais sutil, isso quando existe?!
Interessante? Pq dessa vulnerabilidade feminina?!
E a tortura não pára por aí!
"O inferno são os outros", que nos dizem o que comer. Ninguém mais pode ter prazer na alimentação! Isso virou pecado maior que o pecado capital da gula. Ter prazer em comer é uma afronta! Ninguém mais pode comer em paz.
Nos dizem o que vestir, que cabelo ter, a cor, o corte, o bronzeado. As boas maneiras, o comportamento. Ter personalidade, estilo, autenticidade equivale a ser herege.
Sexo agora é outro tema que claro, tinha de ser padronizado. Agora há também a ditadura do orgasmo, da liberação sexual, quase que uma obrigatoriedade de experimentar de tudo pra ser considerado normal. Antes era tabu, agora é proibido ser convencional. Não é uma escolha pessoal?! Se falar então em homossexualidade, transexualidade, aí é que o assunto pega fogo. Esses então não têm direito a paz... Afe! E o que é que os outros têm com os orifícios alheios?! O nome vida íntima já não é um indicativo bastante esclarecedor?!
Pra mim, tem horas onde parece que tudo isso faz parte de um plano conspiratório pra que a vida perca cada vez mais o prazer... E o pior é que não está muito longe da verdade, uma vez que o número de casos de depressão, stress e síndrome do pânico cresce vertiginosamente. Pudera, é pressão demais!
Afe! Me recuso a ver o exército monótono de robôs passar. Não quero fazer parte disso! Me lembra até aquela obra de Machado de Assis, O alienista.
Até hoje não vi ninguém efetivamente capaz de ilustrar o que de fato é nível de normalidade. Simplesmente pq não dá pra uniformizar a população humana. Ufa! Ainda bem!
O que o ser humano tem de mais bonito é a diversidade, esse é o nosso paraíso.
Se "o inferno são os outros", o diabo são os ouvidos que ouvem as asneiras dos padronizadores.
A única moda que aceito é a do auto-amor, todas as outras, cada um que faça a própria.

sábado, 27 de setembro de 2008

Democracia obrigatória...




É tão lindo quando tentam convencer a gente a todo custo que somos cidadãos, que temos direitos. Que o voto é nossa maior prova disso...
Essa falsa ilusão de que a nossa opinião conta, que temos direito de escolha. Que escolha?! Os mesmos de sempre e mais um bando de despreparados que só estão lá pra fazer volume, a massa de manobra pro povão acreditar que tem vez?!
Tudo tão coerente com a obrigatoriedade do voto e propaganda eleitoral gratuita (pra quem?!) obrigatória...
Me custa caro ouvir certas pérolas como " Corinthiano vota em corinthiano!". Afe! E que tem o time de futebol com isso?!
Daqui a pouco vai virar o tal de evangélico vota em evangélico, gay vota em gay e por aí vai. E tome mais apartheid! E viva o separatismo burro que é material bom pra distrair o povo das tramóias. Quando é que se vai ver que somos todos brasileiros?! Que não é segregar o que resolve, é somar forças pra se chegar onde queremos e precisamos?!
Quando é que o povo vai abrir o olho pra o fato de que aqleues que estão lá ganhando os tubos e impedindo que isso aqui vá para frente são "empregados" nossos, escolhidos para cargo representativo. Não são autoridades, superiores e todos os demais subalternos?!
Não, o Sr Fulano que distribuiu uniformes escolares não é "tão bão pas pessoa!". Não, ele não fez favor nenhum pra ninguém, ele não deu nada. Ele cumpriu uma lei que assim determina, e o fez com recursos públicos, ou seja, o dinheiro dos impostos que nós pagamos! Ele não fez favor, cumpriu com seu dever. Ele não é bom, no máximo faz seu serviço, quando faz.
Não, gerir bem os recursos públicos não é ato meritoso, é obrigação. Fiscalizar os atos deles não é desconfiança, é consciência, é reconhecer a própria cidadania e responsabilidade para com sua comunidade, é direito de cada um e dever de todos.
Não receber benefícios (que são passageiros e prejudicadores num sentido mais amplo) a troco de voto é um dever, uma demonstração de respeito a si e a todos, se vender barato não resolve, a questão não é beneficiar-se sozinho, mas exigir que a lei seja cumprida para todos...
Não, ser prefeito, vereador, governador, deputado, senador, presidente, isso não é profissão! É função representativa. Por que das aposentadorias, que, diga-se de passagem, são precoces demais! E cujos rendimentos estão muito além dos da maioria da população. merecemos pagar por isso?!
Faça-me o favor! Está mais do que na hora de dar um jeito nessa situação vergonhosa. Não serão eles a tirarem os próprios privilégios, então, que tal agirmos?!
O voto pode ser obrigatório, mas a irresponsabilidade não!
Chega de falsas ilusões! Chega de comodismo! Chega de engolir sapo! Levante a bunda da cadeira e use a cabeça!
Acordaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa povooooooooooooooooooooooooooo !!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Biocrisias. Hipografias. Ops! Biografias...





Estive pensando, interessante como as pessoas gostam de escrever auto-biografias... Mas será que elas têm coragem de admitir nelas o seu lado mais sombrio, as cagadas que fizeram, consciente e ou inconscientemente, suas maldades, suas maiores misérias, ou fica tudo bem encaixotado e escondido no formato de conteúdo empoeirado em seus porões psíquicos?! E pior, renegado, ocultado, ainda que lembrado.
Confesso que o universo feminino tem me encantado mais ultimamente, por conta de algumas tantas corajosas que botam a cara pra bater sem pudores, sem meias palavras e sem medo de serem o que são.
Já retratei isso aqui quando falava de Elza Soares, mulher forte que enfrentou infernos e não esconde de ninguém. Mas andei vendo outros rostos, Amy Winehouse tão comentada, tão criticada, tão notícia. Se está no fundo de poço, está no que é dela e sai a hora que quiser. Consigo ver força nessa mulher, força admirável. Talvez não canalizada pro modo que estamos habituados a ver como certo, mas rende. Não, não falo em cifrões, rende arte. E, de alguma maneira, deve render pra ela em crescimento.
Seu último álbum, "Back to black", que o colocou nas paradas mundiais, é totalmente auto-biográfico. Retrata a fase onde seu relacionamento amoroso com o atual marido havia acabado. A fase overdown foi corajosamente transcrita música a música e ficou belíssima...
É de se admirar uma iniciativa dessas, quando a vaidade chega a índices astronômicos, alguém que coloca sua vida assim exposta, certa do seu "filme queimado" e que consegue fazer sucesso com isso. E que consegue algo muito maior que o sucesso, ser autêntica consigo mesma. Ser quem é de verdade. (Clap, clap, clap!)
Ontem me surpreendi com outra mulher que não havia me chamado atenção por mais de cinco minutos com sua atuação em novelas. Atuação aliás muito boa, eu é que não tenho paciência para novelas...
Assisti à uma entrevista de Cássia Kiss para Marilia Gabriela. Fiquei de queixo caído com a naturalidade com que a atriz falou sobre sua companheira depressão, companheira de toda uma vida (50 anos, e)somente há 3 anos em tratamento. Pasmei com a serenidade que falava sobre sua incursão no mundo das drogas, na falta que fazia a si mesma, na baixa-estima, na não presença em si. Nos efeitos da maternidade, na auto-descoberta... (Clap, clap, clap!)
Ganhou meu respeito, minha admiração.
Em tempos onde o hit é a cirurgia plástica, a beleza a todo custo, não importa se fake; é uma alegria ver mulheres que mostram que não há lipoaspiração para alma e ainda assim ela é o que temos de mais belo!
Começo a gostar mais de ser mulher. Quando crescer quero ter essa coragem!

Mulher, teu nome é verdade!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O tudo e o nada...




É tanta idéia na cabeça que não estou conseguindo concluir nenhuma...
Parece até que ouço uma voz dizendo: Seja bem re-vinda ao turbilhão!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

"Que país é esse?!"





Fiquei uma semana com uma frase ecoando em minha cabeça... Tive overdose de China, Jogos Olímpicos e correlatos, mesmo sem ter acompanhado. Ia deixar passar batido, mas, uma certa indignação persistiu me fisgando. Aquela tal frase que Maitê Proença disse no programa Saia Justa* da semana passada.
Disse ela sobre "a mediocridade da delegação olímpica brasileira".
O "quase lá".
PQP! É de ficar indignada com uma frase dessas. É claro que todos nós gostaríamos e muito que o Brasil figurasse como um dos país mais premiados. Mas, para o incentivo que os atletas recebem, foram muito bem!
Não, não é como o dito popular "para quem é, bacalhau basta". Não. A questão é que, a maior parte dos atletas treina às suas expensas e com a ajuda de quem estiver disposto a colaborar. Às vezes os recursos são mínimos ou nulos, mas eles treinam pq é sua vocação, seu sacerdócio, sua paixão e por conta disso dão "sangue, suor, lágrimas", vão aos limites do humano e além. E depois de tudo isso são chamados medíocres?!
Patrocínio? Existe efetivamente mesmo no futebol. (E isso pq ele rende muito lucro, não por amor à camisa.) Em outros esportes, pouquíssimo.
Foi questionada a verba que a COBE disponibilizou para a ida aos jogos. Que a quantia foi alta. (Não me recordo agora quantos milhões...) Sim, mas essa verba foi para que, passagens apenas? Para quem, de fato? Atletas e seus treinadores ou acrescenta-se aí quantos turistas VIPs? E a COBE administra a verba como? Presta contas? Que critérios são utilizados nas decisões de como e a que serão destinadas tais verbas? Alguém sabe informar?!
Aliás, de que adianta que a verba vá só para transporte e esse tipo de despesas e não para dar melhores condições de preparo aos nossos atletas para as competições?! Então é só levar lá e já está bom?!
Nosso país é conhecido como país do futebol. Um desperdício! Pq só do futebol? Temos tantas outras habilidades... Há tantos talentos a serem valorizados!E tantos outros a serem descobertos.
Em muitos países as escolas são vitrines dessas descobertas, são aliás seus berços. Infelizmente presenciamos de bocas bem caladas e olhos bem fechados, fazendo a mais deslavada vista grossa à falência do ensino geral e da educação física.
Educação de qualidade prima pelo desenvolvimento intelectual, físico e emocional, no mínimo. Esporte é saúde e auto-estima! Ensina disciplima, auto-centramento, cooperação, superação.
As aulas de educação física nas escolas públicas são meramente uma formalidade a ser cumprida por obrigatoriedade da grade curricular. Dá-se uma bola e os meninos jogam futebol, as meninas em geral vôlei e está feito. Não há estudo das regras, do fundamentos dos esportes, nenhum preparo físico. Não há a apresentação de outras modalidades. E qual a razão?!
Simples, não há material, em alguns casos não há espaço adequado, não há mais disposição por parte dos profissionais de ensino massacrados e desmotivados, não há verbas ou incentivo do governo. Fui professora de educação infantil e vi muito disso acontecer. Inclusive, até a quarta série o profissional especializado para dar aulas de educação física sequer é contratado, fica tudo a cargo da professora da turma. Como querer um país mais competitivo se as bases não propiciam?
Poderíamos seguramente ser chamados de país do esporte, caso tivéssemos um melhor sistema. O brasileiro é um povo muito esforçado, muito criativo e muito versátil. Se com pouco já conseguiu nos agraciar com esses heróis, com mais investimentos teríamos safras invejáveis de excelentes atletas.
Fica desleal a comparação, nos EUA, por exemplo, toda escola tem uma quadra e é uma honra que inclusive dá direito a muitos benefícios aos estudantes que fazem parte de times de basquete e outros esportes coletivos, bem como dos individuais. Participar de uma equipe esportiva pode até render bolsa no ensino superior. Igualzinho aqui, não é mesmo?!
Na China, (como em outros regimes totalitários)os talentos são descobertos e explorados ainda na mais tenra idade. Talvez nem se tenha tempo para que os atletas descubram outros talentos. As equipes de ginástica olímpica, por exemplo, tanto feminina quanto masculina, todas perfeitíssimas, têm seus atletas retirados do seio da família aos 6 anos de idade e sua vida passa a ser exclusivamente treinar. Se é bom para eles, não sei. Tem sim um caráter obrigatório. Não me parece nada voluntário ou prazeroso, mas, cumpre seu objetivo.
Pensando por esse lado, os chineses que ganharam mereceram, os que não ganharam, nem por isso deixaram de merecer. Sob muitos aspectos, nascer chinês já é em si um fardo muito grande, se for mulher, dobrado, se for atleta, triplicado e por aí vai a contabilidade. Nessa tabuada, feliz daquele que consegue ter satisfação em ser quem é.
Agora, "nós", quase lá é o cacete!
Só ter chegado aos jogos já foi a glória. Esse tipo de absurdo só me faz lembrar do judoca que chorou e pediu desculpas por não ter ganho medalha. Ele não precisava pedir desculpas, nós é que precisamos, por deixarmos solenemente de exigir os direitos que temos e que eles sejam de fato estendidos a todos. Isso é direito nosso e obrigação do Estado!
Enquanto tratarmos nossos "representantes" como entes supremos que nos prestam favor, e não os encaramos como funcionários que desempenham função eletiva em nosso nome e a nosso serviço, pelo progresso social, essa palhaçada não tem previsão pra acabar...
É ano de eleição e mais uma vez, infelizmente, já sei o que esperar...


*Sim, eu assisto ao Saia Justa e até costumo gostar. Não é com tudo o que dizem que concordo, mas, isso não é problema, aliás, ajuda a pensar, rever conceitos, ter novas perspectivas, reformular ou reafirmar certos modos de pensar e de agir, amplia horizontes.
Há quem ache um programa fútil, raso ou seja lá mais o que quiserem. O fato que é o único com esse formato. Quem quiser que faça melhor. Seria bom ver mais diferentes mulheres debatendo sobre os mais variados assuntos.
Gosto das colocações que fazem, do trabalho que têm em fazer pesquisas, acho interessantes os temas que trazem, gosto dos novos olhares, mesmo os muito diferentes do meu.
Sinto falta da Soninha Francine lá. Gosto das colocações de Marcia Tiburi, da paixão com que ela defende o feminino e seu feminismo. E me acabo com a irreverência de Betty Lago.