segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Biocrisias. Hipografias. Ops! Biografias...





Estive pensando, interessante como as pessoas gostam de escrever auto-biografias... Mas será que elas têm coragem de admitir nelas o seu lado mais sombrio, as cagadas que fizeram, consciente e ou inconscientemente, suas maldades, suas maiores misérias, ou fica tudo bem encaixotado e escondido no formato de conteúdo empoeirado em seus porões psíquicos?! E pior, renegado, ocultado, ainda que lembrado.
Confesso que o universo feminino tem me encantado mais ultimamente, por conta de algumas tantas corajosas que botam a cara pra bater sem pudores, sem meias palavras e sem medo de serem o que são.
Já retratei isso aqui quando falava de Elza Soares, mulher forte que enfrentou infernos e não esconde de ninguém. Mas andei vendo outros rostos, Amy Winehouse tão comentada, tão criticada, tão notícia. Se está no fundo de poço, está no que é dela e sai a hora que quiser. Consigo ver força nessa mulher, força admirável. Talvez não canalizada pro modo que estamos habituados a ver como certo, mas rende. Não, não falo em cifrões, rende arte. E, de alguma maneira, deve render pra ela em crescimento.
Seu último álbum, "Back to black", que o colocou nas paradas mundiais, é totalmente auto-biográfico. Retrata a fase onde seu relacionamento amoroso com o atual marido havia acabado. A fase overdown foi corajosamente transcrita música a música e ficou belíssima...
É de se admirar uma iniciativa dessas, quando a vaidade chega a índices astronômicos, alguém que coloca sua vida assim exposta, certa do seu "filme queimado" e que consegue fazer sucesso com isso. E que consegue algo muito maior que o sucesso, ser autêntica consigo mesma. Ser quem é de verdade. (Clap, clap, clap!)
Ontem me surpreendi com outra mulher que não havia me chamado atenção por mais de cinco minutos com sua atuação em novelas. Atuação aliás muito boa, eu é que não tenho paciência para novelas...
Assisti à uma entrevista de Cássia Kiss para Marilia Gabriela. Fiquei de queixo caído com a naturalidade com que a atriz falou sobre sua companheira depressão, companheira de toda uma vida (50 anos, e)somente há 3 anos em tratamento. Pasmei com a serenidade que falava sobre sua incursão no mundo das drogas, na falta que fazia a si mesma, na baixa-estima, na não presença em si. Nos efeitos da maternidade, na auto-descoberta... (Clap, clap, clap!)
Ganhou meu respeito, minha admiração.
Em tempos onde o hit é a cirurgia plástica, a beleza a todo custo, não importa se fake; é uma alegria ver mulheres que mostram que não há lipoaspiração para alma e ainda assim ela é o que temos de mais belo!
Começo a gostar mais de ser mulher. Quando crescer quero ter essa coragem!

Mulher, teu nome é verdade!

6 comentários:

Duquesa Diaba disse...

Li tudo, concordo em parte e tô na correria. Depois eu escrevo mais, lindinha!

Eu disse...

Não se esqueça que sofrimento vende, Mony... ;)

Mas é de fato algo admirável ser honesta, principalmente consigo mesma (quando é tão fácil e tão cômodo mentir... especialmente pra si mesma). Biografias contam fatos, muitas vezes passíveis de averiguação. O que muda é o ângulo, a interpretação das causas e conseqüências. E o conjunto é importante.

Não basta contar um drama. Tem que ter aprendido com ele. Tá cheio de gente que admite tudo o que aconteceu consigo e consegue se manter no papel de vítima. Não adianta nada, é só mais uma maneira de chamar a atenção, mesmo se fazendo de forte ou de que não tá nem aí. Mas tb tem muita gente no nosso dia a dia admitindo as cagadas, aprendendo com os tombos, refazendo vidas, reconhecendo os sonhos, dando-se ao luxo de tentar de novo e errar tudo de novo, de impressionar-se com o próprio histórico de vida e repensar o futuro.

Não digo que os exemplos que vc deu não sejam autênticos e cheios de força. Essas pessoas dão o último passo, escancarar tudo isso ao público e mostrar o que é possível. Mas grande parte dessas vitórias da verdade acontecem só dentro da gente... e esse é o palco mais importante.

Então, pode gostar de ser mulher sim... mesmo sem chegar na mídia pra fazer o mea culpa. Vc já conta tanto de si aqui nesse blog mesmo, admite tantos sentimentos... já não é um ótimo começo?

Beijocas e saudades!

Karin

Rosa Rocha disse...

amei seu texto ...
e concordo
pq pré julgar ?
pq mostrar -se sem ser ?
às verdades são facas que cortam ou amaciam a medida que se permite

vanessa disse...

Mony !Parabéns adorei su blog!

Duquesa Diaba disse...

Queremos texto novo! Queremos texto novo!


ps: kd a foto, hein?

웃 Mony 웃 disse...

Lou, tô esperando... :P
Vai ficar que nem a dos ecologistas mitômanos?! :D

Pronto, o texto novo tá aí! ;)

A Foto vou tirar essa semana e te mando. ;)


Karin, adorei tua passagem por aqui. Não suma. ;)

Bem, sofrimento vende sim, principalmente pq faz parte da educação judaico-cristã, maioria no planeta... É bonito ser mártir, é assim que aprendemos. Isso dá até assunto pra outro post gigante.

No que diz respeito a nós, somos mesmo educados pra jogar tudo pra baixo do tapete. Brasileiro principalmente parece que se acostumou com a inércia. Tá sempre "evitando a fadiga", enquanto não precisa não faz... E eu me incluo nisso em muitos aspectos.

Drama só é bom quando serve pra se transcender pro algo mais, desgraça por desgraça eu nem faço questão de ouvir. Concordo contigo. Pra mim, toda experiência humana, por menor que seja serve pra se aprender alguma coisa com ela, pra tirar algo de bom, virar a página e seguir em frente com mais confiança e com mais material pra errar menos, pra sofrer menos, pra saber o que quer...
E essas vitórias são sim muito pessoais e muito mais interiores do que exteriores, mas, gosto de olhar pra elas pra aprender. É muito melhor aprender com o tombo alheio do que ter de fazer curativo nos próprios joelhos... Gosto de estar atenta ao que acontece por aí por conta disso.
E acho ótimo que as pessoas tenham coragem de assumir o não tão perfeito delas, pq assim o mundo fica com uma cara mais real e os outros não precisam se sentir fracassados, pq no fim das contas, desilusões acontecem com todo mundo, só que alguns conseguem ou preferem escolher. Nesse sentido, o anonimato é uma bênção.
O gostar de ser muelher é gradual, mas tá cada vez mais forte. E eu estou cada vez mais contente comigo. E revelar aqui meus sentimentos não é coisa de outro mundo, pq eu não consigo esconder mesmo, e nem tô fazendo questão. Tô mais é querendo motivo pra conversar, trocar e aprender mais. Quem sabe assim meus joelheinhos ficam cada vez mais safos... ;)
E sabe?! Eu acho que a fama deve cansar...

Também tava com saudade, beijoconas mil, querida.

Que bom que vistes, Rosa.
Adorei. Volte sempre.

Obrigada, Vanessa.
Fico feliz com tua visita. Volte sempre.

Bóra papear, povo bom!
Fazer essa conversa render, pensar, sentir.
Muito bom tê-los aqui.
O silêncio foi embora e voltei toda cheia de idéias e assuntos. ;)
Beijoconas mil a todos.