quarta-feira, 12 de agosto de 2009



É mesmo uma delícia essa experiência chamada "mundo virtual". De vez em quando surgem assuntos que me fazem até gastar umas linhas...
Não, não desprezo as conversas orkutianas, nem muito menos seus interlocutores, mas, confesso que ando meio com preguiça de gente, ando mais nos meus pensamentos, questionamentos pessoais e nos fazeres. Gente é algo muito bom, mas eu gosto de uma certa incomunicabilidade às vezes, pra arejar. Deve ser o tal do "autismo voluntário" que me pega e euzinha me deixo levar...
Mas um tópico duma comunidade de que gosto e das poucas que passo para ver, pq tem muita gente querida, me chamou atenção.
Vou contextualizar para quem não é de lá. Surgiu um tópico com o título "Quem mandou pular a cerca", ou coisa semelhante, com um cavalo caído, com as patas da frente presas, enroscadas numa cerca. A conversa descambou para a comoção da maioria, que não consegue ver o sofrimento de animais... Por um habitué malufista e sua confissão anti-felinos até chegar àquela já conhecida, inclusive premiada, foto de uma criança africana esquelética espreitada por um abutre. Foto de autoria do fotógrafo Kevin Carter, que, dizem ter se suicidado meses depois. Uns afirmam que por conta daquela foto, do arrependimento em não ter feito nada pela criança, outros por ele ter presenciado tanto da miséria humana que não resistiu a esse mundo e tratou de antecipar sua partida dele...
Muitos acreditam que ele podia ter feito algo pela menina. Será?!
Postei aqui minha reflexão a respeito do tema, dos pontos que mais me intrigaram... Depois do sumiço, resolvi dividi-la com vocês...
Ei-la:



Há quem ache gatos bichos nojentos, há quem ache malufistas igualmente nojentos também... [:p]
Bobagem, tudo bobagem...
No fim, existe espaço para todos.


Acho qualquer sofrimento ruim de se ver, seja de gente, seja de bicho, até de malufistas. [/)]
Menos quando eles choram pelo insucesso do dito cujo. [:p]
Mas, na boa, meus amores, vocês acham que dar água, soro caseiro, ou seja lá o que for, uma vez, ou por um dia resolveria a situação da criança africana da foto? Seria isso capaz de salvar-lhe a vida? Seria lindo se fosse, mas, o caso já estava terminal.
E se essa fosse salva, e as outras centenas, milhares?
Tudo bem, seria uma vida, não lhe tiremos o valor. Mas e todas as outras na mesma condição? Na África, fora da África, há tantos outros assim. A gente não se lembra deles por que não saíram na foto? A gente pensa em algo que realmente funcione? A gente faz alguma coisa além de só falar? O que a gente poderia fazer a respeito? Será que a gente realmente quer ou olha só pro próprio umbigo? E o que a gente faz com o que vê?
Pobre fotógrafo, que se culpou por uma culpa que não é só sua... Coitado, mais um iludido, mais um que, como a maioria, não sabe como agir, se omitiu por esse motivo, e não soube fazer do arrependimento uma ferramenta pra repensar e tentar mudar o que o causava incômodo.
Coitado dele, coitada da humanidade...
No fim, todo mundo erra tentando acertar...

Sei que há quem ache essa minha postura assim um tanto fria, um tanto fora do que é a "minha cara", um tanto fora do que possa pensar quem deseja um mundo melhor. Penso que seja uma postura mais "pé no chão", não de quem está conformada com a situação, mas, de quem quer um mundo para além das ilusões, onde as coisas tenham a dimensão que elas realmente têm, inclusive para poder colocá-las no enquadramento que todos nós, em nossos sonhos, desejamos que elas tenham.

E você, o que acha disso tudo?

3 comentários:

De Marchi ॐ disse...

O princípio do alívio de culpa é esse: dá-se um sopão de natal pro mendigo e foda-se ele nos outros 364 dias.

Anônimo disse...

Cadê a "ei-la:"?

Putz, falando nisso, tem um monte de coisas já separadas para eu levar pra doação.

Se bem que eu também estou aceitando caridade! Hehehe

Voltando à África: é um povo que sofre todas as formas de pelego possíveis. Mas resistem. Estão sempre sobrevivendo. Claro, não é o ideal. Se um dia eles conseguirem usar essa bagagem de indignação e exigirem mudanças na forma como são conduzidos, quem sabe eles prosperam?

Se bem que mudança lá = guerra civil = mais mortes. E mais mortes = medo = conformismo = submissão.

É... falar é fácil. Difícil é saber como fazer as coisas sem tornar tudo pior antes de melhorar.

Eu não tenho resposta satisfatória.

De Marchi ॐ disse...

O "ei-la" está na sequência do texto, Diaba.