sexta-feira, 6 de abril de 2012

CARTA AO AAMIGO.


Meu querido amigo,
Perdoe-me pela ausência, certamente ela deve ser maior para mim do que para ti. Mesmo assim, perdoe-me...
Tua aparição em minha vida foi muito bem vinda, uma grata surpresa que muito tem me dado, muito tem provocado, muito tem (me) despertado. É tanto carinho assim, gratuito, é tanto sorriso no rosto (que me roubas com meu consentimento), que a conversa flui leve, brisa perfumada de primavera. Fico à vontade contigo, tanto, que revelo-me como poucas vezes, para poucas pessoas fui capaz. É de causar estranheza a qualquer um esse desabrochar. Sobretudo porque uma onça costuma só espreitar, sem mostrar-se. Uma onça não tem pétalas, tem garras, mas não para ti. Para ti ela se deixa florir, colorir e perfumar. Veste roupa de festa e sai docemente, margarida, rosa, violeta, orquídea, flor do campo, felinamente feliz.
Ah! Que presente lindo poder ser assim, simplesmente ser, estar, contemplar. É assim, que tua amiga contemplativa e catártica fica, livre, suave, até na mais forte torrente interior. Sabe as espumas das águas? “Estar a teu lado” é assim. É como ser espuma das águas, é como fazer parte de algo que é pequeno e é grande e é único, e se transforma o tempo todo, tudo de uma só vez.
E se é tão bom, porque foges?! (Imagino que possas te perguntar, ao saber, nesse momento.)
É que ainda não aprendi a lidar com essa sensação, não aprendi a lidar com tantas novidades do momento vertiginosamente novo em que vivo. E contigo vem ainda mais montanha russa, mais roda gigante, mais algodão doce e ciranda.
É que, deixar-me ver, não por ti, mas, por mim, às vezes é amedrontador. Pouco medo tenho nessa vida, senão de mim mesma, já te disse uma vez. E, falando contigo, sou tão eu, que minha alma se liberta tão completamente e fala com a voracidade da fome de cinquenta retirantes. E nem todas as coisas que ela fala, entendo ou conheço, de algumas não gosto, outras ainda não sei como cavalgar sem beijar a arena. Ah! Mas tem algumas, cujo brilho me encanta e faz ter vontade de levar pro baile.
Ah! Meu amigo querido, essa carta era pra falar de ti, mas ninguém conhece a ti tão bem quanto tu. Senão por uma habilidade, dessa tenho toda garantia, que conheço melhor que ninguém, a tua enorme habilidade de fazer alguém enxergar-se a si, assim mesmo, pleonasticamente, através, atravessado e atravessando (com), teus olhos.
Obrigada, querido, por me ajudar a olhar. Vendo a mim, vi também a ti, e vi, que o Universo não é só um verso, pode ser a versão melhor, maior de uma canção que toca em várias vozes a mesma melodia em diferentes compassos. E a minha, tem o compasso do coração que sorri e aplaude a tua melodia.
Pode ser clichê, mas, digo, mesmo assim, obrigada, por existires.

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