sábado, 28 de março de 2009

Apesar dos espinhos, a rosa também se fere...




Dias atrás estive vendo num programa da Oprah falarem sobre relacionamentos abusivos, agressão à mulher e toda essa temática triste e tão recorrente. O que deu causa a toda essa discussão, foi o comentadíssimo na mídia, sobretudo nos EUA, foi acontecido entre os astros Rihanna e Chris Brown.
Falou-se muito dessa história e, finalmente os deslumbrados de plantão puderam perceber que apesar de todo glamour, essas pessoas são gente como todo mundo. Que tiveram passados difíceis que geram sequelas na sua vida atual, como muita gente, se não por um motivo, por outro.... Que nem todos os holofotes do mundo, fama, admiração ou dinheiro fazem com que alguém, num passe de mágicas, se livre de todos os traumas, recalques ou visões distorcidas de si e da própria vida desapareçam...
Sim, eles são gente. Tão humanos e comuns quanto eu e você. E, às vezes chego até a pensar que têm uma complicante em suas vidas, sim, a fama. Os milhares de olhos em cima, que não deixam passar nada. Uma gafe, uma pisada na bola, um dia ruim, coisa que nós, simples mortais vivenciamos e fica por isso mesmo, pq é normal e não há platéia que nos aponte depois, não haverá manchetes no dia seguinte, no máximo um ou outro coração partido, de gente próxima, que a gente remenda como der depois e fica por isso mesmo...
Claro que não estou fazendo apologia à agressão, claro que isso não é só apenas um dia ruim, uma coisinha à toa. Não. É uma conduta que precisa sim acabar, a base de tratamento, pq pode sim vir da repetição de padrões aprendidos na infância, mesmo que inconscientemente, mesmo que não aceito pelo próprio agente.
Sim, é um padrão de comportamento estranho, lesivo, tanto por parte do agressor quanto da vítima. Pq parece e há, uma atração natural entre agressor e vítima, um padrão que facilita o relacionamento desses dois pólos, algo que os aproxima e os mantém unidos. Algo a ser estudado, diagnosticado e tratado, em ambos, para que não mais se repita, se não dentro do mesmo relacionamento, ao menos para que não ocorra nos futuros. É um ciclo que precisa ser cortado e quem está envolvido nele precisa buscar ajuda, precisa cortá-lo. É lamentável quanta fatalidade acontece por conta disso...
"O amor não machuca", nem física nem psicologicamente. A gente até dá umas pisadas sem querer nas pessoas que ama, mas isso pq somos humanos e é natural. Natural mas precisa ser reconhecido, há que se pedir desculpas também. Quando acontece o tempo todo é pq não é sem querer e aí só se afastando... Às vezes a cura só é possível assim, pq as feridas já são muitas para tentar salvar alguma coisa do relacionamento, o que importa é salvar a si...
Tem uma frase meio clichê, mas que funciona muito pra mim: "Quem não me ama não me merece."
Você aí que está lendo pode pensar que é fácil pra quem está de fora falar... Mas um dia já estive dentro e sei como dói. Não me coloco numa posição de vitima, até pq, quando a gente assume a própria parcela de responsabilidade no que passou, tem como perceber que da mesma maneira que se colocou lá, pode se tirar, arrumar forças para sair da armadilha. Essa consciência coloca o poder no lugar certo, na gente. Se pude fazer, sou só eu quem tem poder de desfazer.
Sim, já me deixei abusar psicologicamente muito tempo num relacionamento ruim e me prometi não fazer mais isso comigo. Não vou pintar aqui nenhum monstro, era apenas uma pessoa que se encontrava desequilibrada, que compensava um complexo de inferioridade, uma profunda sensação de inadequação oprimindo alguém que, de certa maneira, também estava desequilibrada e acabava aceitando... No fim das contas, embora não tenha sido agradável, claro, não havia um culpado, havia fatores que colaboravam para a manutenção de uma situação desequilibrada. Quando um dos fatores mudou, minha visão, minha coragem, a situação mudou.
Consegui sair disso e hoje sou muito feliz num relacionamento normal, com uma pessoa normal, que tem uma disposição especial pra me entender e me amar... Sim, um relacionamento lindo, mas normal, ao contrário do que muita gente imagina, idealiza, glamouriza... Um relacionamento normal, pelo menos dentro da minha idéia de normal, com muito amor, com muito respeito, com muito diálogo. Também com uma ou outra crise, claro, nós temos nossas diferenças de personalidade, nossos "traumas", recalques, medos, inseguranças, pensamentos e atitudes que isso gera em nós, como gera em todo mundo... O que mais me deixa feliz nisso tudo é que cada crise que veio, veio como uma oportunidade, uma carga de crescimento muito grande e no fim, a gente resolve e fica mais forte como pessoa e como casal. Pra mim, um relacionamento normal é isso, tem esses desafios.
Ele é uma das pessoas mais extraordinárias que conheço, mesmo sendo uma pessoa normal, pq é, assim como somos todos nós, exatamente único e comum ao mesmo tempo, como é de todo ser humano ser. Com todas as componentes que o tornam humano. E é bem assim que o prefiro, real. Uma das coisas que mais provoca dor, desilusão nas pessoas é idealizar. Eu quero amá-lo assim, como ele é, não o que gostaria que ele fosse... Pq só é amor se for assim... E olha, é difícil para mim, hoje nem tanto, mas foi difícil chegar a essa idéia com tranquilidade, mimada que fui, acostumada com tudo do meu jeito, temperamental e chata, cheia de exigências impossíveis, que não eram só em relação aos outros, a como os relacionamentos de toda natureza deviam ser, mas, sobretudo em relação a mim mesma... Mas ele me ensinou isso também. Posso dizer que hoje sou uma pessoa melhor, mais equilibrada e feliz com todo esse aprendizado. Sei que ainda há mais por fazer, por viver, por crescer, mas já sou contente comigo hoje, assim, como estou.
O mundo precisa de amor, as pessoas que nele estão precisam, amor com respeito, acima de tudo auto-amor. Sinto que todo mundo merece passar por uma experiência assim como a que vivo hoje, mas precisa permitir-se, abrir-se para o amor. Antes de tudo, abrir-se para o auto-amor.
Sabe, o que aconteceu comigo só existiu pq eu não me achava digna de ser amada, achava que não era boa o suficiente, pq tinha um monte de idéias erradas a meu respeito. Isso nem era consciente, não era tão claro assim na minha cabeça como é hoje. Ninguém conscientemente faz as piores escolhas, se oferece o pior, se pune por algo que julga ser. Mas isso acontece sim, pq há registros lá dentro, que desconhecemos, mas que nos levam a fazer exatamente o oposto do que desejamos e merecemos... Sim, pq todos merecem o melhor, mas poucos sabem ou verdadeiramente querem.
De vez em quando alguma dessas idéias antigas ainda tenta me assombrar, pq é um trabalho pra vida toda se amar, se cuidar, se tratar como quer ser tratada. Tem dias onde tropeço, mas levanto, olho pra trás e vejo o quanto já caminhei e isso me dá a certeza de que sou capaz.
É assim, a gente vai se tornando consciente de si e do que quer cada um no seu tempo, o importante é que vá. O importante é que encare esse processo, não desvie o olhar e finja que nada acontece, pq assim o sofrimento dura menos tempo...
Eu demorei a tomar uma atitude, hoje olho para trás e vejo que parece até que em certos momentos eu não estava em meu corpo. Ou, eu, cheia de temperamento que era, não teria deixado acontecer, parece até que me escondia em algum lugar dentro de mim só pra não sentir, não ver que era comigo aquilo... Me lembro da terapeuta, depois de tudo passado, perguntar como eu, com o jeito que tinha passei por tudo aquilo por tanto tempo. Minha resposta: Não sei, parece até que foi macumba, ou que um alien me abduziu e no meu corpo restou um zumbi...
Realmente não entendo até hoje, nem me interessa mais. Só sei que saí disso e estou compromissada comigo mesma em não recorrer mais a aqueles padrões doentes. Um dia de cada vez, um passo a cada dia, é assim que vou. E com muita paciência comigo quando tropeço, quando surto de insegurança, medo ou ciúme. Sim, pq eu sinto essas coisas às vezes. É comum a qualquer ser humano, sobretudo aos que já se feriram muito.
Eu sei que a opressão dói, não quero oprimir ninguém, muito menos a quem mais amo... Então continuo me lapidando, me curando, é um processo que vale à pena, pelo que quero para minha Vida, sobretudo para e por mim.
Por quê escrevi tudo isso?!
Porque vejo moças lindas, inteligentes e cheias de vida se perderem nesse tipo de labirinto, como um dia já me perdi. Porque quero que elas notem que é possível sair dele, como eu saí. Porque quero ver as pessoas se amando mais, que assim esse mundo melhora para todos.
Porque é preciso lembrar de onde se veio para saber o valor e ter a gratidão devida por onde se está. Eu preciso disso às vezes para permanecer centrada...
Porque quero aproveitar para agradecer a Denis, meu grande amor e companheiro de jornada por todo carinho, amor, dedicação, paciência, respeito, lealdade e companheirismo que tem me oferecido ao longo de toda essa nossa caminhada. Eu o amo muito e o verdadeiro significado da palavra amor, aprendi com você.
Obrigada por você existir.

Bem, meu amores, por enquanto é só tudo isso, acho que até deve ter mais, mas, fica pra depois que a prolixia hoje já deu o ar da graça...
Isso é que dá reclamar que ando sumida! :P

3 comentários:

Karin disse...

Minha nossa, eu passo uns dias sem aparecer e os textos se proliferam! Que bom te ver falante de novo!

O assunto é difícil e tudo o que eu posso dizer é que fico aliviada de nunca ter passado por isso. Já é difícil lidar com relacionamentos como são, que dirá com esse elemento de violência, mesmo que nem sempre seja física.

Mas o que desejo é que vcs sejam sempre felizes, mesmo que alguns momentos não sejam felizes, isso faz parte da vida. ;)

Beijão e saudades!

De Marchi ॐ disse...

puxa, Mony... fiquei sem palavras... :o

Obrigado, é recíproco tudo isso. Te Amo. ;)

Pepe disse...

É Mony, sucesso não é sinonimo de equilibrio mesmo. Teu texto me fez lembrar do Alec Baldwin, que era considerado mito sexual, virou alcoólatra, assim como a Kim Bassinger tb era simbolo sexual nos 80, a ex-mulher dele e o cara descia o braço nela. Uma vez li que o pai abusava dela. Seriam padrões que se repetem? Nem Freud explica...