sexta-feira, 2 de maio de 2008

Escapes...


Hoje faz seis meses que parei de fumar.
Nessa tarde me lembrei disso e coloquei atenção num detalhe, abandonei um meio de escape e tratei logo de encontrar outro em substituição.
O cigarro era meu companheiro, na hora da raiva fumava pra relaxar, na hora da alegria pra celebrar, na hora da tristeza pra me acalmar, na hora onde estava tudo bem, só por fumar...
Eu não queria companhia, eu sempe tive muitas, e mesmo assim fumava... Eu queria uma válvula de escape. Uma chupeta!
É, consegui largar essa, mas, arranjei outra. Uma ainda mais fácil, que tem em todos os lugares e ninguém te recrimina por fazer uso dela, pq é necessária pra viver. Sim, apelei pra comida.
Muita gente que parou de fumar diz que o maior problema de parar é que engorda.
Sim, eu já ganhei uns seis quilos por conta disso, ou mais. Sei lá, nunca gostei de balança, um tempo pq era magra demais, agora pq as roupas insistem em mostrar o que eu não quero contabilizar...
É pouco, logo resolvo isso, eu sei.
Mas no momento, já que quero romper de vez o casulo, fazer vida nova, aproveito os momentos aqui dentro pra me olhar mais... E quero saber o pq da necessidade de uma chupeta.
Eu até sei racionalmente, ao menos o mais superficial disso tudo... Mas quero chegar mais fundo.
Uma coisa eu sei, desde sempre, mesmo com muita gente dizendo exatamente o contrário, eu sempre me vi como não boa o bastante.
Isso me chateou por muito tempo e então lá ia eu atrás do escape. Não ajudava nada, até atrapalhava, claro! Hoje respiro melhor, vivo melhor sem o cigarro. Não me arrependo da escolha.
Só preciso encontrar a fonte disso tudo, pq não quero fazer as pazes com a comida e o espelho a custa de encontrar sabe lá que outro escape...
Preciso é ser boa o bastante, pra mim.
Na realidade, não é nem isso, preciso só aceitar que já sou.
Ah! Eu chego lá!

7 comentários:

Eu disse...

Bom, Mony, se a preocupação é ser boa em alguma coisa, então no que o cigarro, a comida, ou qualquer outra muleta te ajudam em ser melhor?

Eu conheço bem a sensação da falta de parâmetro, de ter que superar uma marca que ninguém, a não ser nós mesmas, colocamos lá. E lá longe!!! A única relação que vejo nisso com essas muletas é que elas trazem consigo o boicote de nós mesmas. Me explico: vc usava o cigarro como compensação ao mesmo tempo que ele te limitava na tua saúde, nos teus sentidos, etc; a mesma coisa com a comida, que deixa a tua silhueta a desejar pra vc mesma, que é a tua maior julgadora.

Então, não são muletas... são empecilhos. Castigos ou desculpas por vc não ser essa coisa fantástica que vc acha que tem que ser... pra quê mesmo? Pra ser feliz? Precisa mesmo de tudo isso? Pobres das almas menos favorecidas em dotes, então... não vão ser felizes nunca? Ou produtivas? Não valem nada?

Por que os nossos super-parâmetros só servem pra nós mesmas, enquanto somos altamente compreensivas e admiradoras das qualidades alheias? Escrevo pra ti e escrevo pra mim. E sei que ambas nos admiramos. Então o que há de errado no nosso julgamento? Algo não bate, né?

Come o que te agrada e o que te faz bem, mas não usa a comida contra ti mesma. O problema não são os quilos a mais ou a menos, é o teu olhar no espelho. O resto do mundo, ou a parte que te importa, creio eu, já te acha linda e maravilhosa, então relaxa. Nada disso é razão ou motivo para vc deixar de realizar qualquer coisa em que realmente se empenhe.

Vc não é boa... vc é ótima! :)

Beijão!

Karin

웃 Mony 웃 disse...

Karin, minha linda, obrigada pelo carinho e pela presença...
Eu sei que essas chupetas, muletas, escapes não contribuíram de nenhuma maneira pra eu ser melhor... Ao contrário.
É que elas eram uma compensação pra outras frustrações. Um meio de naqueles minutos esquecer o mal estar. Durava e dura só alguns minutos mesmo, pq depois vem a culpa, ou o vazio.
Racionalmente eu já sei de todas essas coisas, as que dissestes e mais um tanto de outras que converso comigo, justamente pra consolidar tudo isso de uma maneira positiva na minha vida.
A questão é que, como já disse num outro post, meu emocional parece o irmão surdo, cego e retardado do racional. O bichinho é lento... Eu quero turbiná-lo, mas, ainda tô na conversa com ele.
Eu nunca gostei do papel de vitima, coitadinha, nem pra ganhar colo. Tento por outros meios...
Tô fazendo um exercício de observação de mim pra ver se boto os dois irmãozinhos pra uma conversa inteligível, pq tô de saco cheio de andar em círculos...
Nem que for pela insistência eu venço!
Já estou feliz de não jogar pra baixo do tapete e deixar correr, pq já tentei fazer isso e não funcionou. Agora estou disposta a encarar. ;)
beijoconas, querida.

De Marchi ॐ disse...

Um dos melhores posts até agora, Mony... você tocou num ponto profundo e o expôs: isso é necessariamente um sinal de evolução, de diálogo interno transparecendo pro mundo. Não interessa como os outros reagem; entendi. É como VOCÊ se sente, como não quer viver. Isso é justo, é digno e você tem meu apoio. Sei que não é preciso dizer, mas... eu e teus fãs (assumidos e anônimos) aprovamos você até em coisas onde você se aceita, portanto nada de assumir supostas cobranças externas nos momentos da recaída, porque não é verdade. Limpe a mochila, livre-se do fardo e encontre ali no meio teu anel de ouro. É coisa tua e às pessoas com suas próprias nêuras não cabe participação, senão naquilo onde você convida.
Você continua gostosa e interessante, principalmente porque se interessa pela vida e não foge da batalha, e isso é o único viagra que a alma da humanidade realmente precisa.
Que sua próxima muleta não seja muleta e sim o tênis do dinamismo e da paixão declarada pela Vida. :)

Ailóvil.

웃 Mony 웃 disse...

Mais reflexões...
O mais estranho de tudo é que não há parãmetros, isso piora um tanto mais a situação. Pq se não há parâmetros, por mais que se seja boa, nunca será o bastante, pq não há nem uma vaga idéia do que é o bastante...
Isso me remete à minha infância, onde eu era a menina que tirava dez e não recebia sequer uma palavra de incetivo. Apenas um olhar que dizia claramente "não fez mais que a obrigação!". Junto a isso, vinha o afago a aquele que conseguia a média, quando conseguia. E o fato de conseguir gerava mil parabéns.
Quando tentei a mesma técnica, veio foi reprimenda e uma enorme confusão na minha cabeça.
Porra! Não existe onze! A nota máxima é dez. E dez não era o suficiente...
Pq um faz feliz com pouco e outro não agrada mesmo tendo conquistado tudo?!
definitivamente passei a odiar coitadinhos para todo sempre! definitivamente jamais serei ou admitirei que me achem coitadinha em coisa alguma!
Racionalmente sei tudo o que tenho de bom e todos os potenciais que sei são muitos a desenvolver.
Conheço boa parte das minhas capacidades e me permito conehcer outras.
A questão é que emocionalmente ainda me sinto aquela criança com raiva. Sim, eu tenho muita raiva! Pq parece que o máximo não era o suficiente.
Emocionalmente me sinto como desde que nasci, atrapalhando, no lugar errado.
Mas eu não sou mais criança, e neu emocional vai compreender isso, pro meu bem, o mais rápido possível, sob pena de eu repetir o que o meu racional sabe, o tempo todo, até vencê-lo pelo cansaço, pq não suporto mais a mesma paisagem.
E o espelho, o problema não é mesmo com ele, nem com o execesso ou a falta de peso. É como eu me olho, exatamente. Pq é o olhar que está descalibrado, ele viciou no "não boa o suficiente". Eu não me achava bonita quando tinha o corpo que toda capa de revista publica. E também não estou contente agora. Na realidade, houveram alguns poucos instantes na minha vida onde estive...
Mas isso vai mudar, junto com todo o plano de metamorfose que quero pra mim. É bem o jeito de olhar o que vai mudar, pq eu mereço!
Racionalmente já sei tudo isso...
Até consigo me sentir assim, mas, ainda tenho recaída e vou acabar com elas.
Não é a comida que me faz engordar, é a infelicidade. O descontentamento comigo. Não tenho feito tantas estravagâncias assim. E quando estou feliz, desencanada, faço muito mais que essas e a balança não se manifesta. A coisa toda é a frustração. A falta de perspectiva, o fato de não me achar merecedora. As técnicas de auto-sabotagem, nas quais falta pouco pra o PHD. (Que faço questão de não ter.)
Eu conheço todas as causas, todos os efeitos, todos os esquemas de sabotagem pra me convencer de que estou no caminho certo e continuar lá, exatamente no ponto zero... Eu conheço tudo isso. Meu mundo não precisa de mapas pra que eu me movimente dentro dele, mas, tô precisando de uma portinha pra sair.
Não tenho mapa e nem lanterna, mas, vou me aventurar.
A propósito, Denis, meu amado, os tênis eu já calcei, que é pra conseguir meu intento...
Obrigada pelo carinho, pelo apoio, pela presença. Eu também te amo, muito!

De Marchi ॐ disse...

Mony, uma dica: esses passos emocionais dão-se em saltos. Você simplesmente decide e sai. Não espere sentir-se segura, não espere "o momento certo" - não existe. Levanta e vai, sabendo que vai tropeçar e cair de cara porque não sabe andar, mas é assim que se aprende. Esqueça esse medo maldito de cair e errar, todos nossas nessa nossa cultura temos isso mas é pura tolice. Não há outro jeito - vai e arrisca.
Tá com a faca e o queijo na mão. ;)

웃 Mony 웃 disse...

Eu fico nesse conflito emocional/racional, mas isso não me impede de ir em frente não...
É que esses conflitos me fazem crescer e eu só me sinto na etapa seguinte quando finalmente esse conflito cessa pra se iniciar outro, em outro nível.
Na verdade, tô sempre me testando... De vez em quando fico no casulo. De fase em fase eu acabo por retornar lá. Isso me incomoda, pq dura tempo demais. Dá uma impressão de perda de tempo. Sei que na verdade é amadurecimento, mas, tô cada vez mais interessada em dinamizar esse processo...
Cair e errar faz parte de toda caminhada. A maior parte das coisas que aprendi foram na base da tentativa e erro...
A questão emocional é que quero quebrar os registros antigos, pra criar outros padrões. Tô enjoada dos antigos...
É mais um desafio, não tô insegura quanto a isso, muito pelo contrário.
Ir e arriscar é comigo mesmo.
Tô escolhendo no que vou arriscar. Quando a escolha estiver completa, vou mesmo. Eu vou, arrisco e consigo. Sempre foi assim e sempre será!

Eu disse...

Lendo as tuas reflexões reconheço muitas dessas sensações... e me ocorreu algumas coisas aqui. Dá a impressão de que vc tem que carregar o mundo nas costas pra se fazer merecedora de qualquer coisa. O impulso, a força de vontade, até mesmo o uso produtivo dessa raiva acumulada, são importantes. Mas se a metáfora é a metamorfose, pense no animal alado, leve, sem medo, que deixa o casulo.

Ame-se.

Há quantos anos vc pensa e raciocina sobre isso? Tenho certeza que vc sabe muito sobre si mesma, e ainda assim não desatou o nó... talvez pensar demais não ajude muito.

Sinta o teu caminho.

Vc fala em falta de parâmetros... não é o quanto vc faz que vai fazer a diferença. O teu sucesso em ser vc mesma é mesmo subjetivo e não pode ser medido racionalmente. Mas não se preocupe, porque se vc estiver sinceramente comprometida consigo mesma, vc vai saber quando acertou a mão.

Confie.

E vc vai conseguir isso, sem dúvida.

Beijo grande!

Karin