sexta-feira, 27 de junho de 2008

Sincronicidade...

Tava lendo o blog de Denis e o assunto tem muito a ver com meu caminho atual. Ia responder por lá, mas, como ia ficar enorme e resolvi me aprofundar mais no assunto, vai por aqui.

Antes das minhas milhares de divagações, convém conferir o post dele, pra entender esse papo de doido que comecei aqui. Ta aí o link:

http://uaderrel.blogspot.com/2008/06/carencias-estupidas.html

Interessante...

Essa conversa toda tem sido parte da minha reflexão nos últimos meses, só que comigo no pólo inverso... Como só posso falar de mim e do que sinto, me desculpe se tiver muitos eus e meus, apesar do motivo inicial não ser um texto meu, é só uma maneira de trocar experiências. ;)

Bom, não sou a pessoa mais indicada pra falar em presença, exceto na tua Vida (de Denis), uma das poucas, inclusive... Mas posso falar bem sobre ausência, que, na realidade, acho que é justamente o contraponto que te falta.

Primeiro deixo claro que estou falando de mim, não quer dizer que com você seja assim. Mas o fato é que reconheci dois aspectos que me faziam muito dependente das pessoas, A- muito mais presente na vida delas e B- desejosa de que fossem mais presentes na minha.

A- acontecia pela insegurança inerente à todo ser humano e o enorme desejo de aprovação que necessitava (e que, necessitamos todos nós, infelizmente). Não que isso tenha se extirpado completamente, quem dera, mas, já melhorou muito... Além da ciência de que não vou agradar a todos, nem preciso e nem devo, mas, que agradar a mim, ser leal a mim e aos meus sentimentos é fundamental.

B- acontecia pela minha incapacidade de estar no meu silêncio, de me encarar completamente, de ser minha companhia e minha melhor amiga. Ainda estou nesse trabalho e sei que vou passar nele toda a jornada. A vida se encarrega de nos levar ao que precisamos aprender, ainda que à força. Foi o que aconteceu comigo. O fato de não estar trabalhando me fez ficar a maior parte do tempo sozinha em casa. No começo, eu vinha para a net, passava o dia no Orkut, MSN e telefone. Tudo para evitar o confronto comigo mesma... Foi um longo tempo assim. Quando a coisa estava esmorecendo, eu quase me entregando, meu pai voltou para casa. Ele que sempre fora grande amigo, já não era mais como antes, mas, mesmo reclamando de mim e da vida, era companhia. Quando ele faleceu senti falta até das reclamações...

Depois disso, não teve jeito, era eu e eu. E foi aí que a coisa ficou boa. Quando a gente perde alguém que ama muito tem duas opções, ou cai no drama e deixa a vida acabar mesmo estando vivo, ou vê que a gente só tem a gente mesmo e precisa estar bem com essa única companhia que se tem de verdade...

Eu fui pra segunda opção. No começo com muita estranheza, pq foi natural demais. Cheguei até a sentir culpa ao perceber... Eu não pensei pra tocar a Vida, nem para me sentir como me senti, nem pra continuar no sorriso e alegria que são meus. Era estranho, sentia que ao mesmo tempo meu pai sempre esteve (e ainda estaria) e nunca esteve comigo... Já vai para um ano e meio que ele se foi, e eu ainda não consigo explicar como é isso, mas, esse sentimento continua... Quando me lembro dele ainda é com alegria na maior parte das vezes, sou capaz de falar nele brincando e rindo. Só choro quando bate a carência daquele colo. Geralmente quando falho comigo e ainda preciso de alguém. É que ele foi por muitos anos a pessoa que mais me conheceu e que mais me apoiou na Vida. Hoje há outra, felizmente. Outras até, na medida do que permito, mas, “o primeiro Amor a gente nunca esquece”. E o meu foi ele... Tive de transferir a minha referência de proteção dele pra mim, mas, tem dias que ele ainda vem primeiro... É raro, mas, acontece, sim, sinto falta daquela sensação de aconchego. Como não tem mais, me aconchego em mim. Sei que posso ter o carinho dos outros, mas, não vejo sentido nisso se não tiver o meu... Eu quero estar por que quero, não por dependência. É mais digno assim...

Então, parece que me desviei do assunto, mas não. É que isso é muito profundo e dá muitas voltas pra se concluir.

Mas foi assim, eu precisei perder pra ganhar. Perdi o apoio do meu pai pra ganhar o meu, pra ganhar coragem, pra entender que as pessoas não estão aí pra sempre, que as pessoas têm o caminho delas, seja a morte, seja uma mudança pra longe, seja o rompimento de uma amizade, seja só a ausência, temporária ou permanente... As pessoas têm sua própria Vida pra tocar, uma jornada pra seguir, elas não estão o tempo todo à nossa disposição.

Tá, mas e tudo isso não te fez querer estar mais perto das pessoas, querer mais tempo com elas? Você pode estar se perguntando isso agora.

Minha resposta é: NÃO! Aprendi a aproveitar o momento, quando estou com alguém, quero estar com essa pessoa, me divertir com ela, me doar a ela, senti-la. Isso acontece numa troca de olhares, um abraço, palavras rápidas ou uma longa conversa. Depende do que se dispõem em tempo, inclusive.

E essa vivência me fez tão bem, estou gostando tanto de estar em minha companhia, que estou tirando o atraso. Descobri em mim um mundo interior tão rico que tenho até de prestar atenção pra não ficar tempo demais nesse “autismo” voluntário...

Acho muito lindo quem saiba se dedicar a uma amizade, ser solidário, se fazer presente com constância. É muito lindo, mas, não sei se é possível. Pra mim sei que não é. Descobri que não gosto de hora marcada, que tem idéias que acho ótimas, mas na hora quero outra coisa, que amar não requer grude e mais um tanto de outras coisas. Há quem diga que já fui mais meiga, que estou fria... Não sei se sou ou estou, só sei que agora é como me sinto e simplesmente não consigo forjar sentimentos.

Estou feliz pq hoje me sinto mais capaz, mais livre, acabou o apego. O criar expectativas diminuiu muito, pq quando tive noção de quem sou e como me sinto, fui capaz de ver que as outras pessoas são diferentes de mim, que sentem e agem diferentemente de mim. Que não dá pra exigir que elas queiram vivenciar o mundo, a amizade, o Amor, a Vida e a morte da mesma maneira que eu. A noção de eu, de ego dá noção de individualidade e isso é libertador.

Não dá pra desconsiderar o fato de que ao mesmo tempo que somos individuais, as escolhas também influem no coletivo, na Vida dos mais próximos. É para isso que temos consciência, é por isso que precisamos estar atentos aos nossos atos. É por isso que não vale à pena prometer o que não se pode cumprir. As pessoas acreditam e contam conosco em dimensões que não nos são possíveis, cabíveis, ainda que desejássemos... Não dá pra se responsabilizar pelo outro, pelo que ele vai sentir. Só dá pra deixar tudo o mais claro quanto se sabe de si. O que não se sabe, aí paciência, revela-se conforme a descoberta...

Eu fico pasma com as pessoas que teimam em achar que NÃO PODEM magoar ninguém, que isso é motivo para martirizar-se. É possível não magoar alguém?! Mas, isso já é outro assunto que fica pra outro post...

Bem, pra começar é isso, não vou fechar o assunto pq cansei de falar sozinha, vamos ver se alguém mais quer falar. Tem mais assunto, mas, deixa pra depois, ou melhor, deixa pra vocês.

Ah! Descobri uma ótima aplicação pros meus textos: tratamento de insônia. : P

3 comentários:

Unknown disse...

Vocês não tão sozinhos, não...
Vamos valorizar nossos momentos juntos!!! Semana que vem tem festa, êeeeee...

Eu disse...

Mony querida, que bom que vc compartilha essa tua viagem com a gente!

Eu tô num aprendizado parecido, só que talvez muitos passos atrás. Ainda estou começando a gostar dessa minha companhia própria, mas já tô aprendendo. Devagar. Sem pressa. Uma hora eu chego lá...

Eu na verdade sempre fui muito sozinha. Há anos atrás eu mantinha as pessoas distantes propositadamente. Mas não era porque eu adorasse a minha própria companhia. Era porque eu não sabia lidar com a companhia dos outros. Enfim, viver é aprender, e aprendi tão bem que passei ao outro extremo. Como todo bom libriano, eu tive que ir de um extremo ao outro pra tentar descobrir onde está o meio termo.

Pois bem, eu acho que ando acertando mais do que errando, o que já é um avanço! De vez em quando ainda piso no tomate, mas faz parte do jogo. :P

E não te preocupes, quantidade nunca foi sinônimo de qualidade! Carinho não se mede em horas de dedicação. Existem fases da vida onde simplesmente não damos conta de estar disponíveis para os outros, seja por que motivo for, e nem por isso a conexão se desfaz. Não se for boa. O verdadeiro sentimento sobrevive nessas situações e quando podemos e queremos dar vazão a ele fica ainda melhor.

Aproveite-se bem! ;)

Beijão,

Karin

De Marchi ॐ disse...

Tá certa, Mony... gostei de ler isso. :)