quinta-feira, 5 de junho de 2008

Limitações não existem,



a menos que se acredite nelas...
Cada vez mais me convenço que a gente está onde se coloca.
Fiquei vários dias digerindo uma notícia que li essa semana, que me deixou muito feliz e me fez refletir em muita coisa...
Segue abaixo a notícia, para quem não viu, depois de lê-la vai entender melhor o motivo das minhas reflexões.


Jovem com paralisia cerebral é aprovada no exame da OAB

Flávia Cristiane, 26, passou na prova do ano passado, que teve só 15,9% aprovados

Após passar na terceira tentativa, ela se tornou a primeira advogada do Estado com paralisia cerebral, segundo a OAB

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Flávia Cristiane Fuga e Silva, 26, tem paralisia cerebral. Com dificuldades motoras e de fala, depende de cadeira de rodas e de ajuda para realizar tarefas como comer e tomar banho.
As dificuldades, porém, não impediram que Flávia se tornasse advogada, após ser aprovada no ano passado no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Considerada uma das mais difíceis do país, a prova de São Paulo teve naquela edição a aprovação de apenas 15,9% dos inscritos. Antes de passar, Flávia prestou o exame duas vezes.
A jovem recebeu ontem a carteira da Ordem, em uma cerimônia em São José dos Campos (91 km de SP), onde mora. Tornou-se a primeira advogada do Estado com paralisia cerebral, segundo a OAB-SP.
A paralisia cerebral é uma lesão de parte do cérebro. No caso de Flávia, foi causada por uma complicação no parto, que provocou falta de oxigenação no cérebro por 15 minutos.
Portadores da doença têm inteligência normal -a não ser que tenham sido afetadas áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória, o que não é o caso de Flávia.
Nascida em Campinas, Flávia se mudou com a família para São José dos Campos quando tinha um ano e meio. Freqüentou escola especial até os 14 anos. A partir daí, passou a estudar em colégios públicos convencionais.
Em 2001, prestou vestibular para Direito -uma funcionária da faculdade assinalava as opções indicadas por ela- e conseguiu bolsa na Univap (Universidade do Vale do Paraíba). Formou-se em 2005.
"Flávia freqüentava as aulas e prestava atenção às explicações dos professores. Para que pudesse estudar em casa, tirávamos cópia das anotações dos colegas. Já os professores ajudavam na hora das avaliações, preparando provas de múltipla escolha, já que ela não consegue escrever", conta o pai de Flávia, Eliezer Gomes da Silva.
No exame da OAB, Flávia contou com três horas a mais (total de oito) para concluir a prova da segunda fase. O tempo foi aumentado com a permissão da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB-SP.
"Foi uma forma de estabelecer um equilíbrio para que ela pudesse fazer o exame em iguais condições aos demais concorrentes", diz o presidente da comissão, Braz Martins Neto. São-paulina, Flávia gosta de sair, de ir ao cinema e a pizzarias. Desde o início do ano, ajuda o pai em seu escritório de advocacia, especializado em direito de família. Com a ajuda de um programa de computador, escreve peças judiciais, clicando em uma letra de cada vez.
Questionada ontem se estava feliz, Flávia sorriu e concordou com a cabeça. "Ela está conseguindo fazer com que os portadores de necessidades especiais obtenham respeito da sociedade", disse o pai dela.


Colaborou TALITA BEDINELLI

Pois é, quem quer consegue!
Muitas palmas a essa moça corajosa e determinada, que tenha muito sucesso e sirva de inspiração pra muita gente.
Dá muito o que pensar uma notícia dessas... Eu fiquei pensando uma semana antes de me atrever a proferir palavra que fosse. E sei que haverão ainda outros desdobramentos, conclusões mais profundas pela frente. Por hora foi o que estava preparada para entender... Então, bóra lá compartilhar.
O Exame da OAB não é bicho de sete cabeças não. É considerado o mais difícil do país, mas, sem desmerecer a Ordem, não é nada que quem tenha feito o curso não saberia. A menos que hajam faculdades que não cumprem o conteúdo. O que não creio ser comum.
Posso falar, porque fiz a prova e fui aprovada. Os assuntos são pertinentes, as questões claras. As exigências são o BÁSICO que um advogado precisa saber para exercer a profissão. Se não sabe, tem mais é que estudar até passar. Aliás, não foi pra isso que o cidadão foi à faculdade?!
Eu nunca me matei de estudar, terminei a faculdade e lá fui prestar o exame, passei.
O que fiz?! Nada além de ir às aulas, prestar atenção ao que os professores ensinavam. Nem anotar eu anotava. Nunca consegui ter um caderno com matéria que fosse além do segundo mês de aula, quando muito. Prefiro ver e ouvir atentamente.
Não, não sou um gênio. Apenas ouvia atentamente, pq quando estava na aula ESTAVA lá. Fora isso, perguntava quando tinha dúvidas, lia os livros que os professores recomendavam e nada mais.
Sei que a educação decai a cada dia, até pq, fui professora por uma década e acompanhei de perto esse declínio, as ordens para retirar conteúdo das aulas, o nível dos alunos... É o cúmulo. Mas é isso aí. Mais uma coisa que temos pra modificar... Mas, não é disso que trata o assunto e nem é só daí que vem o altíssimo índice de reprovações dos últimos Exames da OAB. Esse índice é um indicador da mediocridade dos estudantes de Direito. Assim como outros exames como o ENEM, o SARESP, indicam a mediocridade em outros estágios do ensino...
Na época que eu fazia faculdade, na minha turma e nas outras, via a quantidade de alunos que faltavam às aulas, muitas vezes estavam dentro da faculdade e deixavam as aulas para irem ao bar no quarteirão de cima... Sim, toda faculdade tem pelo menos um bar por perto.
Haviam os que a gente praticamente só via em dia de prova. O que aprendeu uma pessoa assim?! Se, na faculdade onde estudei, que era conceituada, rigorosa, um dia eles passavam, fico imaginando nas que são mais instituições econômicas do que educacionais... O sujeito pega o diploma, mas não vai advogar enquanto não sanar essa brecha. O que é muito bom, um meio de selecionar profissionais. E mesmo assim a gente encontra uns que não são dos melhores...
Não adianta a instituição ser aclamada como excelente, quem faz o curso é o aluno. Eles nos dão a base, quem quer vai buscar mais, quem não, fica com o que tem; isso se frequenta... Mas a base é suficiente para o exame.
Pois é, tanta gente "normal" anualmente é reprovada. Algumas pessoas, mais de cinco vezes. Conheci várias nessa situação. E Flávia, uma moça com necessidades especiais conseguiu. Não, ela não tem danos intelectuais, mas só a sua condição física já seria motivo para não ter nem concluído o estudo básico. Muita gente por muito menos desiste. E ela foi até o nível superior. Se formou, superou as dificuldades e chegou lá. O que ela tem que, muitos de nós, me incluindo nessa, não temos?
Garra, determinação, foco, objetivos, auto-aceitação sem auto-piedade, força pra superar as próprias limitações. Talvez isso e muito mais. Só ela sabe.
Tá. E nisso tudo, a bonitona aqui pode falar e apontar que o Exame da OAB não é o fim do mundo e se sentir a bam bam bam porque passou?
Não. Olho pra história dessa moça e fico pensando qual é o próximo passo. E olho pra minha e vejo quantos passos ainda tenho pra dar. Quantos já poderia ter dado... Sim, porque passar no Exame da Ordem foi uma passo que dei lá no passado, não demora completa dez anos. E depois, que foi que fiz?O que está fazendo a grande crítica?
Desvestindo a camisa de mediocridade. Assumindo a minha realidade. Esse é meu primeiro passo pra sair de uma vida que não quero mais, que me cansa, me dá tédio.
Sim, estou cansada de estar desempregada. Da improdutividade, da dependência financeira. Dos dias todos iguais. Estou olhando pra todos os empecilhos que coloquei na frente da minha vida profissional. Todo o lixo emocional que carreguei ao longo de anos, muitas das visões distorcidas que tive, das críticas e auto-críticas que nem eram verdadeiras, dos conceitos errados que acumulei desde a minha infância, das situações que vivi, vi, li ou ouvi. Das imagens mentais das pessoas que julgava importantes. Hoje estou ocupada da tarefa de retirar daqui de dentro toda essa tralha e fazer de mim quem sou, viver minha vida como quero. Muita coisa ainda não sei. Pra onde vou? Não resolvi. Não sei. Dou notícias ao longo do caminho.
O que posso dizer é que estou mais feliz, apesar de ainda estar no mesmo lugar, mas estou feliz porque sei que agora ao menos estou tentando.

Achou que essa declaração foi um tremendo queima filme? Que acabou com a imagem que fazia de mim? Problema seu! Não vivo com a imagem que os outros me dão. Eu vivo é comigo, com o que eu sinto, com o que eu sou, principalmente com o que sou pra mim.
Se não te agradou, tchau. Se se identificou ou apenas quer apreciar a paisagem comigo, partilhar momentos, idéias, seja bem vindo(a). Só faço um pedido, não faça expectativas a meu respeito, eu não sou nada do que você pensa. Sou só eu.
Não faça expectativas, porque se você se decepcionar, o problema é seu e não meu. Eu não vou mudar só pra te agradar.

Ui! Que delícia!
Expressar tudo isso foi libertador!

4 comentários:

De Marchi ॐ disse...

não entendi a relação do primeiro bloco do texto com esse final do "queima-filme"... :^J

웃 Mony 웃 disse...

Foi um desabafo, o modo como vejo o mundo e como as coisas ao redor me afetam. Só isso...
É como sinto.
Estou cansada de as pessoas vomitarem por aí as decepções acerca da imagem que fizeram de mim, então vou mais é atirar logo de uma vez toda a humanidade que há em mim por que se depois disso qualquer imbecil se achar no direito de me julgar ou tirar conclusões a meus respeito que tome no cu sem chorar.
Tô mais é cagando e andando pra o que pensam de mim. Eu sou eu e só.

De Marchi ॐ disse...

hehehehhe eita piôia! :D

tá certa, Mony. Eu só perguntei porque não tinha entendido a relação entre a OAB e seu desabafo...

웃 Mony 웃 disse...

Quase nenhuma, imagina...
Se parar pra pensar o que fiz da minha vida, sobretudo da profissional, desde quando passei no exame da OAB até hoje. Ele é só um marco importante. Um marco que chega no mais completo e absoluto nada.