quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sapos encantadores...



Faz um tempinho que estou pra escrever a minha visão sobre o mundo masculino, homeopaticamente, é claro, que o assunto é vasto... :P
É, andava pensando numas questões há tempos, mas, com meus momentos de silêncio monástico (ou seriam monysticos?), sem que eu sequer comentasse a respeito, Denis tomou a dianteira... Pronto! Vai ficar todo cheinho agora.
Vou começar até pelo assunto do post dele, mas, abordado sob a ótica feminina. Bem, sob a minha ótica feminina, que pode parecer até bastante sui generis, e deve ser mesmo...
Tá aí o link:
Tá faltando homem no mercado


Será que tal frase é uma pergunta ou uma afirmação?!
Aí depende do referencial teórico... (Evasiva totalmente excelente e nulamente esclarecedora!) :P
Percebo que há muitos homens "no mercado", mas também, que há muitas exigências por parte das mulheres. Não, não é pra sair por aí pegando qualquer porcaria. Porque, convenhamos, tem uns sujeitos que precisam de um pouco de informação e educação, no mínimo, mas, isso é assunto pra outro post.
O que quero dizer é que, pra mulherada que ainda está sonhando com príncipe encantado, está faltando e faltará homem no mercado ad eternum! Sim! Já está faltando faz tempo (todo tempo do mundo) e elas andam chorosas reclamando da vida por conta da constatação.
Sinto em informá-la, baby! Mas, aconselho que compre ações da Kleenex ou outra fabricante de lenços de papel, vá guardando algum dinheiro pras aplicações de botox e desde já, use generosas camadas de creme anti-rugas e envelhecimento. Sim, chorar nada faz além de causar rugas, marcas de expressão, olheiras e uma cara que só fica charmosa nos bassets.
Alguns de vocês podem estar espantados, mas, há um sem número de mulheres (balzaquianas ou avante) com síndrome de Cinderela...
Elas miram, atiram e depois de algum tempo praguejam, pq se decepcionaram, ele não era seu príncipe.
Ah! Pare de querer transformar sapo em príncipe!
Príncipe encantado não existe! Afe! E seria chato demais!
Sou muito feliz por não ter conhecido nenhum. Ou seria pesadelo ou seria psicose! Eca!
Dá medo imaginar um ser perfeito, o único que a gente está acostumado a julgar que o seja é Deus, pra quem acredita. E a imagem não é nenhuma maravilha, haja vista todas as idéias de pecado e punição que a educação judaico-cristã nos coloca na cabeça. Todo aquele medo que causa a onipresença, a onipotência e a perfeição em si. Toda aquela necessidade absoluta de acerto para obter a aceitação. Isso é massacrante!
Príncipe encantado, para mim, é uma idéia brochante e assutadora. Sou consciente das minhas fragilidades, dos meus pontos nem tanto. Lá iria ter coragem de abrir minha boca perto do sujeito?! Logo eu que sou estabanada, barulhenta e espontânea?!
Afe! Viver em pânico, com medo de dar nota fora... Não, obrigada. Passo a vez!
Me lembro nos tempos de faculdade, um colega de sala de quem eu costumava comentar com as amigas de que ele devia ter algum "defeito". Não era normal tudo tão certinho. Era hilário, a gente ficava imaginando que ele deveria ter chulé, hálito matinal terrível, alguma coisa... Não era possível juntar tanta qualidade num ser humano só.
No fim do curso a gente descobriu, ele tinha um defeito terrível sim, mas, pior pra ele. Não sabia escolher mulher.
Em geral, são as mulheres que escolhem, mas, aquele que estava em condição de escolher, quis logo uma daquelas que monopoliza, proíbe de falar com as amigas, coloca no cercadinho e o tonto aceita. Afe! Sem comentários.
Bom, mas voltando ao ideal do príncipe encantado. Fico imaginando, a frustração masculina deve andar a mil. Eles até que estão se esforçando na adaptação dos padrões antigos, do esteriótipo do que era a mulher para a real mulher atual. Estão mais interessados no universo feminino, ouvem mais, são mais afetuosos. Mas, é difícil disputar com o ideal, afinal, o imaginário é sempre melhor que o real. É intangível, mas, em termos de estética e estrutura é mais atraente, justamente pq a imaginação aceita tudo...
O príncipe encantado é a própria personificação (ainda que imaginária) da atração fatal, ou, frustação total, como queiram, uma vez que não existe. É a meta inalcançável de homens em ser e de mulheres em ter. Essa busca só é boa pras finanças dos psicoterapeutas...
Se príncipe fosse uma boa opção, a Princesa Diana não teria aquela cara de cão que caiu da mudança, enquanto foi casada com o Príncipe Charles. Quem quereria uma vida de princesa como a dela?!
Eu prefiro os "sapos". Bóra pro brejo!
Os homens, humanos, com suas qualidades e suas humanidades são muito mais interessantes. Crescem conosco e nos fazem crescer, essa é a única finalidade do relacionamento. Não, não esqueci do carinho físico e do sexo não. É que se não tiver isso, aí essa relação se chama amizade.
Diante da humanidade do outro a gente se sente mais seguro e capaz de mostrar sem defesas a própria humanidade. Não precisa ficar de frescuras se fazendo de boneca de porcelana com medo de prejudicar a imagem, de o outro deixar de gostar ou desvalorizá-la.
Fica fácil encarar o outro quando se sabe que tem dias onde ele também tem mau humor, preguiça de se arrumar, problemas no trabalho, uma conversa difícil com um familiar, todas aquelas coisas que todos nós que vivemos nesse mundo temos. E que, inclusive, há dias onde eles, assim como nós, não reagem bem a qualquer dessas coisas que às vezes são bobas e não os abalariam na maior parte do tempo.
É libertador saber que ele não tem o corpo da foto daquela revista, pq eu também não sou nenhuma modelo, que ele se sente confortável dormindo com uma cueca surradinha. É uma delícia descobrir que ele tem algumas manias, assim não vai rir ou criticar as minhas. Ou, se for, eu já tenho com que fazer graça e fazer essa conversa acabar num monte de risadas.
É uma delícia cada descoberta que a gente pode fazer a respeito do parceiro, quando a gente se permite. Quando a gente esquece o modelo e se deixa levar pela pessoa que está bem na nossa frente.
Surpreenda-se.
Na lagoa aí do lado pode ter um desses sapos encantadores, só esperando pra ser descoberto. E lembre-se sempre, sapos não viram príncipes, mas, príncipes inevitalvemente viram sapos!
Que tal baixar as expectativas, esquecer as exigências e aproveitar o momento?!
Ah! E fica aqui uma reflexão, será que a mesma candidata a princesa com a lista de pré-requisitos na mão tem igual quantidade de virtudes pra oferecer?!
Defeitos, eu prefiro chamar de humanidades, todos têm. Basta ter sensibilidade pra ponderar se os dele se encaixam no preço que você quer pagar. É seu número? Se for, boa viagem! Se não, a fila sempre anda. Boa sorte!

2 comentários:

Pepe disse...

Ótimo texto, sem bajulação. Me chamou atenção duas coisas: a inversão de papéis, do seu antigo colega de faculdade "Barbie", que arrumou uma troglodita e da doideira que é esse "novo tempo", nem tão novo, pq iniciou-se nos anos 60. Quando a mulher iniciou a conquista da sua igualdade nesse mundo machista. Nada mais justo. Mas o nó que isso causou nesse padrão, podre, é claro, do machismo. Ainda estamos nos acostumando a essa nova realidade. No início, teve a revanche, o famigerado feminismo, que provou-se ser apenas uma imitação do machismo, uma revanche, e como tal, não serviu. Agora vemos a feminilidade madura, consciente, a mulher não precisa imitar o homem para se impor. O homem não precisa ser um troglodita para ser homem. O homem mais sensível, a mulher em pé de igualdade, sem ser uma caricatura do homem das cavernas.
Estamos no caminho. Tenho certeza disso.
Quanto as Cinderelas, enquanto existirem Peter Pans, o jogo vai seguir. Até o dia que o jogo cansar. Mas isso já é outra história...

웃 Mony 웃 disse...

Que bom tê-lo por aqui, querido! ;)
Que esse caminho leve a relacionamentos saudáveis, pessoas mais felizes e livres para serem quem são...
Deixemos as Cinderelas e seus Peters na santa paz irreal deles até que caiam na real e vivam a vida. Tô mais é ocupada em viver a minha, afinal, é o que posso fazer... :)
Beijoconas.