terça-feira, 8 de abril de 2008

Bonito é ser coitado...


PQP!
Tem certas coisas que nunca vão entrar na minha cabeça, ainda bem!
Eu não tolero essa cultura do desgraçadinho, que é uma instituição brasileira...
Neste sábado que passou, voltando de uma baladinha com os amigos tava comentando isso no carro.
Afe! Brasileiro é considerado o povo mais alegre e mais solidário do mundo. Tá, são até positivos os elogios, mas, um tanto quanto contraproducente o primeiro...
Como é que pode ser tão alegre um povo que adora um drama?!
Quanto mais trágica for a notícia, mais rapido e para maior contigente se espalha...
São poucas as pessoas que repassam uma boa notícia. Em compensação, desgraça parece que todo mundo faz questão de contar.
Quando meu pai era vivo, várias vezes tive de lhe repreender pelo hábito que não se consolidou por conta da minha veemência em dissuadí-lo. Ele assitia todos os programas ao estilo "Datena" que passassem na TV. E pior, depois queria me desfiar todinho o rosário de barbaridades a todo custo.
Notei bem a neurose que estava desenvolvendo. Mal a gente colocava o pé na rua e vinham as quinhentas recomendações e mais os lembretes dos terríveis acontecidos noticiados.
Fico espantada com a quantidade de boas iniciativas, de acontecimentos positivos que são negligenciados. Fico pasma de ver como uns poucos se empenham nisso, enquanto a maior parte da imprensa só faz por divulgar desgraceira, quanto mais impressionante for, pior...
Tudo o que é canal de TV em tudo o que é horário está lá, nos massacrando com o mesmo assunto. É a indústria da comoção coletiva. É a auto-comiseração de um povo em catarse coletiva...
Talvez sejam os fatores que discutíamos, o Brasil, embora "Estado laico" (tecnicamente), tem sua maioria cristã. Foi o cristianismo trazido com nossos colonizadores, aí começa a história de devoção ao sacrifício e à martirização. Ou, como prefiro chamar, a cultura da ode ao desgraçadinho...
Que eu saiba, o povo indígena não cultua um absurdo desses, ainda bem, uma vertente são do nosso povo. Quer dizer, era sã, até chegarem os europeus...
Retomando, nossos colonizadores trouxeram junto às bagaens o cristianismo... Tinha bagagem mais pesada?! Não estou a criticar os "ensinamentos crísticos", mas a necrofilia que o cristianismo colocou como principal ponto de sua ritualística... Está lá, a cruz no ponto mais alto de cada igreja, o que é impossível não notar. Isso quando não há outra, ou outras dentro dela... Fora as imagens da via dolorosa e tudo mais o que for adereço de necrofilia religiosa...
Não bastou seguirem os ritos eles, ainda impuseram-nos aos nativos. tentaram escravizá-los religiosa, moral e fisicamente.
Eis que surgem então os próximos coitados da história. Oficialmente os primeiros coitados de nacionalidade brasileira... Os que tiveram sua terra usurpada, sua cultura desfigurada e por aí vai.
Felizmente sua alma rebelde não permitiu maior escravidão, embora muitos morreram, tiraram a própria vida ou entraram em confronto, na defesa da própria liberdade...
Para a submissão ao mando europeu, eis que chegam os negros. A imagem importada, e posteriormente incorporada, à cultura dos desgraçadinhos.
Sim, foram tirados de suas origens, enfiados em porões de navios imundos, muitos não suportama as crueldades da viagem (acredito que tanto melhor para eles, em vista do que os esperava...), usurpados de todas as maneiras, relegados ao status de objeto. Tudo isso foi sim muito bárbaro. E o pior, continua ecoando por toda sociedade, em seus descendentes e naqueles que os exploram ou apenas os segregam até hoje. O preconceito ainda existe, infelizmente... A questão é que agora, ser "desgraçadinho" tem suas vantagens. (mas isso é assunto para outra conversa...)
Depois vieram os imigrantes de várias nacionalidades, inclusive os meus avós, bisavós... Sim, saíram espontâneamente de suas terras natais. Mas, se estivesse bom lá, será que sairiam?! Não creio.
A viagem foi dura, muitos nem chegaram, o trabalho era duro, as diferenças eram duras pra se adaptar... Poucos "fizeram a América", multidões repetiram a mesma história, a vida simples, a saudade de casa, alguns conseguiram ficar pior aqui do que lá, uns se suicidaram... E tome mais desgraçadinhos... E tome mais dor.
Muitos vieram da Itália, da Espanha, povos sabidamente passionais, porquê não dizer dramáticos?!
Somam-se essas tantas histórias de dor, de sofrimento, de auto-comiseração... E forma-se nossa identidade brasileira, que, não é muito diferente de boa parte do povo latino... Ao menos não em fervor cristão, em assimilação desses valores, mesmo para quem hoje tem outra concepção. Sim, é difícil mudar valores tão arraigados, uma vez que desde o nascimento somos bombardeados pelos conceitos da cristandade...
Depois vemos a situação do Nordeste brasileiro, das favelas, da miséria... E dá-lhe a multiplicação dos "desgraçadinhos"...
Eu tenho respeito pelo meu povo, tenho admiração pela garra deles, mas, isso não me impede de ver o coitadismo vigente...
É uma falta de auto-estima coletiva. É o "Sou pobre, mas sou limpinho", "O carro é velho mas tá pago"... É a hipervalorização do estrangeiro, da música estrangeira, de qualquer coisa que venha de fora, em detrimento de tudo de bom que temos aqui, de nosso!
Não temos de desprezar o que vem de fora, mas, pq dimensionar de uma maneira tão dispar em relação ao que é nosso?!
Tantos genuinos talentos anônimos enquanto qualquer zé ruela de fora faz sucesso aqui! Afe!
E o governo que incentiva o coitadismo?! Não promove o desenvolvimento humano. Não, faz assistencialismo!
Tá, até ensinar o fulano a se virar, tudo bem, que seja dada alimentação e condições a ele. Mas isso tem prazo! Precisa de investimentos para que aconteça... É mais fácil pedir do que trabalhar pra ter. Pois é, e o governo é mais um incentivador do coitadismo como meio de vida...
E o povo acha lindo. E em época de eleições, o desinfeliz do candidato faz lá um agrado qualquer só naquele período e os tontos já saem participando das propagandas pra campanha dizendo, o Dr fulano é tão bom pras pessoa! Achando que recebeui favor! E ainda votam no desinfeliz.
Pois é, um povo desse tem mais é que se lascar!
O assunto é longo, vai dar muita conversa ainda. Pode até me render saraivada, pois que seja, quieta eu não fico assistindo a isso... O foco era outro, mas, amanhã eu chego nele, pq é complexo o quebra-cabeças da cultura da óde ao desgraçadinho...

5 comentários:

Vinícius Castelli disse...

Já ouviu dizer que quem planta bosta colher merda ??
Pois é !

O mundo está caindo, mas viva o 'Curinthia', 'Parmera' e etcs !!

Pepe disse...

Ainda bem que não sou só eu que odeia sensacionalismo com a tragédia alheia! Viva!

De Marchi ॐ disse...

/\
|| eu ia dizer isso mesmo! :D

A cultura do desgraçadinho é confortável, por isso bem aceita.

웃 Mony 웃 disse...

Vini, é...
Ainda bem quem tem gente que s mexe, mas, se geral tirasse o bundão da poltrona e fizesse seu direito valer, fizesse o serviço que tem pra fazer, isso aqui tava muito melhor...
Nosso país tem tudo pra ser próspero, digno, o que precisa é de atitude...

Pepe, eu ó-di-o!
E nem comecei a descascar esse assunto ainda, vai ver logo mais...
Eu detesto urubuzada e cultivador de carniça também. É um ciclo vicioso dos infernos!


Sim, Denis.
É confoetável ser desgraçadinho...
Todo mundo adula, tem pena, ajuda e o dito cujo não precisa fazer nada, só ficar no " a barriga me dói".
Comodismo mais infeliz!
Pior é quem alimenta isso...

웃 Mony 웃 disse...

Uma observação! :O
Cadê o post que a Karin me contou que postou?! :o
Eu quero ler!
Vai me dizer que o Blogger é o primo léso do Orkut e que engole posts tanto quanto o outro um?! :O
Magoeiiiiiiiiiiiii !!!!!!!!!!!!!